Palavra da Cá

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sexta-feira, 1 de maio de 2009

ACENDAM A LUZ

Tudo bem. Com o avanço da idade nossa visão vai diminuindo, mas juro que não é esse o caso. O caso, leitores, é que esta cidade está cada vez mais escura. Experimentem sair de casa depois que anoitece, verifiquem com seus próprios olhos - velhos ou novos. A coisa tá preta.
Não sei se é o tipo de iluminação, se o número de lâmpadas, sei lá. Não entendo disso. Mas que está escuro, está. Os bairros, principalmente, mergulham numa penumbra assustadora logo à noitinha e mais parecem becos saídos de romances do século dezenove.
Romântico, você pode argumentar. Digamos que sim, mas convenhamos, não há romance que resista ao breu reinante, numa época em que qualquer passeio noturno pode acabar em B.O na delegacia. E depois, minha gente, cidadezinha com praça, coreto e lampião de gás é muito bonito mas não combina mais com uma cidade de 600 mil habitantes, que se pretende moderna e contemporânea.
É irônico esse monte de Banco, loja de grife, shopping, restaurante, carro importado e o pessoal apertando o olhinho pra poder enxergar uma placa, um cachorro ou um simples mortal que atravessa a rua.
Avisem-me se o problema for de natureza oftalmológica. Mas garanto que meu médico é competente, meus óculos estão em dia e a cidade está escura. Na frente da minha casa, por exemplo, tem aquele poste imenso, com aquele chapeuzinho lá em cima, e uma luz fraquinha que dá pena. O modelo da tal luminária e a potência de sua lâmpada são do tempo do zagaia ( quando, aliás, usava-se expressões como esta).
Hoje, a quantidade de neons, luminosos, bares, biroscas que se amontoam em cada esquina ofuscam a já fraca iluminação pública. Ou seja, a proliferação de mídias luminosas não só polui o ambiente, embaralha os sentidos e desorienta o cidadão, como neutraliza o que deveria ser claridade pura e simples. Claridade para segurança, beleza, alegria, orientação de quem ainda gosta de percorrer as ruas da cidade. Acendam a luz, por favor. Caso contrário, nosso única saída será a féerica e insuportável iluminação dos shoppings.

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